"Senhor,
Ensina-nos a Orar"
"De uma feita, estava Jesus orando em certo
lugar; quando terminou, um dos seus discípulos pediu; Senhor, ensina-nos a orar
como também João ensinou aos seus discípulos" (Lucas 11:1).
A
oração é importante. Todos os que querem seguir o Senhor sabem que a oração é
parte essencial da vida do discípulo. Entretanto, poucos oram e muitas vezes,
quando oramos, parece que lutamos para nos expressarmos a Deus. Embora possa
parecer que a oração deveria vir a nossa boca como uma expressão confortável de
nossa fé e confiança em Deus, ela freqüentemente parece difícil, talvez
ineficaz.
Os primeiros
seguidores de Jesus observaram seus hábitos de oração. Eles o viram
freqüentemente procurando um lugar deserto para falar com seu Pai. Numa ocasião
dessas, eles pediram sua ajuda. Também desejamos comunicar- nos com Deus como
seu filho estava fazendo. "Senhor, ensina-nos a orar" (Lucas
11:1).
Jesus
fez como eles pediram. Ele os ensinou como orar, tanto por suas palavras como
por seu exemplo. Ele orava freqüentemente, fervorosamente e com grande fé
naquele que estava ouvindo aquelas orações. Através do exemplo de sua vida, ele
está ainda nos ensinando a orar.
Palavras de Oração
A
resposta imediata de Jesus ao pedido dos apóstolos é encontrada em Lucas 11:2-4
Então,
Ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha
o teu reino; o pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; perdoa-nos os nossos
pecados, pois também perdoamos a todo o que nos deve. E não nos deixes cair em
tentação.
Nem
esta oração, nem a semelhante encontrada em Mateus 6:9-13, são destinadas a
repetição palavra por palavra. Jesus não estava ensinando palavras para serem
memorizadas e recitadas; ele estava ensinando a orar. Ele deu um exemplo que
mostra que tipo de coisas devemos incluir em nossas orações. Devemos:
1. Reverenciar e glorificar a Deus: "Pai, santificado seja o teu nome".
Grandes
orações de grandes homens e mulheres são sempre proferidas com grande respeito
a Deus. Quando Moisés, Ana, Davi, Daniel, Neemias e outras importantes
personagens da era do Velho Testamento oraram, começaram com declarações de
genuína reverência a Deus, como criador e comandante do universo.
2. Buscar a vontade de Deus: "Venha o teu reino".
A
oração não é um instrumento para manipular Deus para que faça nossa vontade.
Aqui, Jesus orou pelo reino de Deus, sabendo que esse reino só poderia vir com
todo o seu poder através da avenida de sua própria morte. Aqui, como na oração
agonizante no Getsêmani, Jesus colocou a vontade do Pai acima de seus próprios
interesses: "Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu
queres" (Mateus 26:39). Quando vemos a oração como nada mais do que
uma oportunidade de fazer pedidos a Deus, colocamos a vontade do servo
indevidamente acima da vontade do Senhor. Deveremos sempre procurar fazer a
vontade de Deus.
3. Reconhecer nossa dependência de Deus para as
necessidades físicas: "O pão nosso
cotidiano dá-nos de dia em dia".
Esta
não é uma exigência de abundância e riqueza. Jesus nem praticou, nem ensinou a
noção materialista de que o discípulo pode "dizer e exigir" o que
quer na oração. Diferentemente das orações de certas pessoas hoje em dia, que
se aproximam de Deus como pirralhos mal criados exigindo tudo o que querem,
Jesus mostrou aqui uma dependência de Deus para as necessidades básicas da
existência diária. Precisamos de Deus todos os dias.
4. Reconhecer nossa dependência de Deus para as
bênçãos espirituais: "Perdoa-nos os
nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve. E não nos
deixeis cair em tentação".
Encontramos
algumas lições valiosas no versículo 4. Primeiro, precisamos do perdão. As
palavras de João 8:7 e Romanos 3:23 nos recordam nossa culpa. Pecamos.
Necessitamos do perdão. Só Deus tem o direito e o poder para perdoar (Marcos
2:7). Segundo, precisamos perdoar. Nossa comunhão com Deus é condicionada a
várias coisas, incluindo-se como tratamos as outras pessoas. Quem se recusa a
perdoar outro ser humano simplesmente não será perdoado por Deus (Mateus
6:14-15; 18:15-35). Terceiro, precisamos do auxílio de Deus para que não pequemos.
Deus não é apenas um guarda-livros registrando os pecados cometidos e
apagando-os depois. Ele tem poder para nos auxiliar a derrotar o inimigo. Paulo
garantiu que há um jeito de escapar de cada tentação (1 Coríntios 10:13). Jesus
"é poderoso para socorrer os que são tentados" (Hebreus 2:18).
Ele nos deixou um exemplo perfeito de obediência para encorajar nossa
fidelidade (1 Pedro 2:21-24). Na hora de sua mais difícil tentação, Jesus
voltou-se para seu Pai em oração fervorosa. Depois daquelas orações ele saiu do
Getsêmani preparado para suportar o poder das trevas, e sofreu o ridículo e a
morte para cumprir a vontade de seu Pai. Jesus encontrou o auxílio necessário
quando apelou para seu Pai, em oração.
Exemplos de Oração
Pouco
é registrado das palavras específicas com que Jesus orou. Podemos aprender
muito simplesmente observando quando, onde e por quê Jesus orou.
1. Quando Jesus orou?
Ele
orou em horas de grandes provações, tais como o exemplo já citado de suas
orações no Getsêmani, poucas horas antes de sua morte. Ele orou momentos antes
de grandes decisões. Lucas 6:12-16 conta o dia em que Jesus escolheu os doze
homens aos quais seria dada a responsabilidade de levar o evangelho ao mundo.
Note o que ele fez antes de selecioná-los; "Retirou-se para o monte, a
fim de orar, e passou a noite orando a Deus" (Lucas 6:12). Ele orou
antes de grandes obras. Quando Jesus se preparou para ressuscitar Lázaro dentre
os mortos, ele primeiro se dirigiu ao seu Pai, em oração (João 11:41-43). Ele
orou quando sua obra terminou (João 17:4).
2. Onde Jesus orou?
Embora
as orações de Jesus nunca fossem limitadas pelo tempo ou pelo espaço, é claro
que ele freqüentemente procurou um lugar e uma hora livre e sem interrupções
para falar com seu Pai em oração. Ele freqüentemente subiu a montes, ou saiu
para um jardim, e tipicamente escolheu a noite ou o amanhecer, quando haveria
menos distração com o mundo apressado. Tais hábitos eram tão típicos da vida de
Cristo que Judas sabia exatamente onde encontrá-lo embora só estivesse estado
em Jerusalém poucos dias (João 18:1-3).
3. Por que Jesus orou?
As
circunstâncias das orações de Jesus sugerem motivos imediatos para oração:
tentações, provações, tristeza, momentos decisivos, etc. Mas estes são
realmente apenas o reflexo de uma razão maior pela qual Jesus orou. Jesus
valorizava sua comunhão com o Pai. Como alguém que entendia melhor do que
qualquer outro homem jamais entendeu o privilégio de andar com Deus, Jesus
queria manter essa íntima relação com seu Pai. Tendo a escolha entre multidões
de homens e seu Pai, Jesus freqüentemente escolheu a companhia de Deus. Quando
tinha que escolher entre o sono e a oração, Jesus encontrava o profundo
rejuvenescimento de que necessitava, não no descanso físico, mas na conversa
espiritual com seu Pai.. Estas orações de Jesus nos ensinam algumas lições
muito valiosas sobre o privilégio de sermos chamados filhos de Deus.
O que os discípulos aprenderam?
Os
apóstolos pediram instruções sobre como orar. Jesus deu-lhes mais do que
palavras, quando mostrou um exemplo consistente de fé em suas orações. Teriam
eles aprendido? Dois breves episódios na parte inicial do livro de Atos mostram
que eles aprenderam a importância da oração.
Depois
que Pedro e João foram perseguidos e passaram algum tempo na prisão por causa
de sua pregação, eles encontraram outros cristãos e oraram juntos com
confiança, pedindo coragem para continuar sua obra (Atos 4:23-31). Sua citação
da poderosa mensagem do Salmo 2 mostra que eles entenderam que o poder da
oração é encontrado no poder daquele que ouve essas orações: o Deus que se
assenta nos céus.
Quando
confrontados com as necessidades físicas das viúvas na igreja de Jerusalém, os
apóstolos reconheceram a importância desse serviço e guiaram a igreja na
seleção de homens adequados para cuidar do assunto. Mas note, no texto, a razão
pela qual os próprios apóstolos não desviaram sua atenção: "E, quanto a
nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra" (Atos
6:4). O cuidado das viúvas não era para ser negligenciado, mas os apóstolos
cuidadosamente reservaram tempo em suas vidas para a oração. Eles tinham
aprendido bem a importante lição do exemplo de Jesus e de seus hábitos de
oração.
Por Dennis Allan
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