Ó Deus, nós te damos graças por este
universo, nosso lar; pela sua vastidão e riqueza, pela exuberância da vida que
o enche e da qual somos parte.
Nós te louvamos pela abóbada celeste
e pelos ventos, grávidos de bênçãos, pelas nuvens que navegam e as
constelações, lá no alto.
Nós te louvamos pelos oceanos, pelas
correntes frescas, pelas montanhas que não se acabam, pelas árvores, pelo capim
sob os nossos pés.
Nós te louvamos pelos nossos
sentidos: poder ver o esplendor da manhã, ouvir as canções dos namorados,
sentir o hálito bom das flores da primavera.
Dá-nos, rogamos-te, um coração aberto
a toda esta alegria e a toda esta beleza, e livra as nossas almas da cegueira
que vem da preocupação com as coisas da vida e das sombras das paixões, a ponto
de passar sem ver e sem ouvir até mesmo quando a sarça, ao lado do caminho, se
incendeia com a glória de Deus.
Alarga em nós o senso de comunhão com
todas as coisas vivas, nossas irmãs, a quem deste esta terra por lar,
juntamente conosco.
Lembramo-nos, com vergonha, de que no
passado aproveitamos do nosso maior domínio e dele fizemos uso com crueldade
sem limites, tanto assim que a voz da terra, que deveria ter subido a ti numa
canção, tornou-se um gemido de dor.
Que aprendamos que as coisas vivas
não vivem só para nós; que elas vivem para si mesmas e para ti, que elas amam a
doçura da vida tanto quanto nós, e te servem, no seu lugar, melhor que nós no
nosso.
Quando chegar o nosso fim, e não mais
pudermos fazer uso deste mundo, e tivermos de dar nosso lugar a outros, que não
deixemos coisa alguma destruída pela nossa ambição ou deformada ela nossa
ignorância.
Mas que passemos adiante nossa herança
comum mais bela e mais doce, sem que lhe tenha sido tirado nada da sua
fertilidade e alegria, e assim nossos corpos possam retornar em paz para o
ventre da grande mãe que os nutriu e os nossos espíritos possam gozar da vida
perfeita em ti.
(Do livro Orações por um mundo melhor, PAULUS, 1997.)
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